No ano em que completa seu décimo sétimo aniversário, o Programa de Pós-Graduação em Letras: Linguagem e Identidade (PPGLI) da Universidade Federal do Acre (Ufac) encontra-se com suas atividades paralisadas aguardando manifestação formal da reitoria da instituição sobre a pauta emergencial apresentada no último dia 9 de maio. Além de questões de infraestrutura, a comunidade de docentes, discentes e técnico-administrativos desse Programa pleiteia a alocação de recursos institucionais para a viabilização de pesquisas e de produção bibliográfica, de participação em eventos nacionais e internacionais, de mobilidade estudantil, de participação em missões de estudo e estágios no Brasil e no exterior, de participação de professores e pesquisadores de outras instituições em bancas de defesas de teses e dissertações, entre outras questões essenciais para a manutenção desse Programa de Pós-Graduação.

No documento enviado à reitora Margarida Aquino, que ainda não se pronunciou sobre as demandas, o Colegiado do PPGLI denuncia uma série de problemas que vem asfixiando o dia a dia de sua comunidade acadêmica, com destaque para a não disponibilização de recursos institucionais (duodécimo) descentralizados para as atividades de ensino, de pesquisa e de extensão; o fechamento da sala de estudos destinada aos mestrandos e aos doutorandos; a precarização do acesso à rede de internet nos espaços de funcionamento do Programa;  a obstrução total ou parcial das janelas de circulação de ar e entrada de luz natural nos corredores (térreo e primeiro piso) do bloco em que estão alojados os espaços de trabalho e de estudo de docentes e de discentes; a falta de recursos (passagens aéreas e diárias) para garantir a realização das bancas de defesas de Mestrado e de Doutorado do PPGLI e assegurar a participação de professores e alunos em eventos, missões de estudo e estágios em outras instituições nacionais e internacionais.

Além das questões que dizem respeito aos seus interesses, o documento do PPGLI da Ufac reivindica a implantação de uma política de pós-graduação que ajude no fortalecimento de todos os PPGs da instituição. De acordo com o documento, essa política de pós-graduação deve ser pautada não apenas por uma série de exigências aos docentes e aos discentes dos Programas, “mas por uma base logística de apoio concreto para o financiamento das pesquisas de docentes e de Mestrando(a)s e de Doutorando(a)s; alocação de bolsas; infraestrutura (sala para as coordenações, salas para as secretarias, corpo técnico ou secretário(a)s para cada Programa, laboratórios bem equipados, salas para discentes com computadores conectados à internet, ampliação de acervos na Biblioteca Central); editais internos para a pesquisa e para bolsas sanduíche e pós-doutorado no exterior; alocação de recursos para a produção bibliográfica dos PPGs pela Editora da Ufac; atualização e dinamização dos sites dos PPGs; Programa Institucional de Internacionalização dos PPGs com protocolos e termos de convênios devidamente formalizados e sistematizados de acordo com  a legislação vigente, conduzidos pela Assessoria de Cooperação Institucional; alocação de recursos para viagens de campo e mobilidade de mestrando(a)s e de doutorando(a)s; alocação de recursos para a viabilização dos periódicos vinculados aos PPGs; editais para atração de pós-doutorandos etc.”.

Na última avaliação da Capes (quadriênio 2017-2020), o PPGLI se tornou o primeiro Programa desta Instituição Federal de Ensino (IFE) a obter nota 5, recebendo conceito Muito Bom nos três quesitos centrais de avaliação do Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG): 1- Programa; 2- Formação; e 3- Impacto na Sociedade. Também no que diz respeito ao processo de avaliação dos periódicos de difusão da produção científica brasileira, a revista Muiraquitã, produzida e mantida de forma voluntária por professores e por alunos do Programa recebeu o Qualis A4, passando a figurar nos estratos superiores do quadro nacional das revistas mais bem avaliadas na área de Linguística e Literatura.

Para o Colegiado do PPGLI, atualmente, presidido pelas professoras doutoras Queila Barbosa Lopes e Maria de Jesus Morais, quem ganha com esse excelente desempenho, fruto de muita dedicação e empenho de professores e de alunos do Programa, é a Universidade Federal do Acre e, por isso, a administração da instituição precisa fazer jus ao fato de que melhores notas implicam em maiores investimentos e atenção, pois são grandes as exigências para se manter um PPG nos patamares superiores de avaliação da Capes e consolidá-lo como um Programa de alto padrão de qualidade e de excelência internacional.

O próprio relatório da avaliação do PPGLI da Ufac pela Capes indica os pontos que precisam de atenção especial da administração superior, tais como: necessidade de estabelecer convênios e parcerias formais com instituições nacionais e, principalmente, internacionais, com a realização de pesquisa em rede, implementação de programas de cotutela e dupla diplomação com instituições estrangeiras; implementar ações para maior mobilidade de discentes e de docentes; investir recursos na participação regular de docentes e/ou discentes em estágio/treinamento, visitas técnicas, reuniões de pesquisa e cooperação científica e tecnológica em instituição estrangeira; incentivar a participação de egressos do Programa em estágios de pós-doutoramento/ou estágios sênior no exterior; estabelecer convênios e parcerias que assegurem a orientação e coorientação de docentes permanentes em Programas de Pós-Graduação no exterior; viabilizar a presença de pós-graduandos estrangeiros para visitas técnicas, missão de curta duração ou cursos no Programa; alocar recursos para a ampliação do número de docentes com pós-doutorado no Brasil e, de preferência, no exterior; estabelecer mecanismos para assegurar a participação de discentes e de docentes em eventos nacionais e internacionais; investir recursos para publicações em parcerias com docentes e  com discentes de programas de instituições nacionais e internacionais.

Para o Colegiado do PPGLI, o grande problema é que, embora a Capes tenha publicado o resultado final da avaliação da quadrienal passada em dezembro de 2022, quando já se passaram dois anos da nova quadrienal (2021-2024), até este momento, a administração superior da Ufac sequer fez uma discussão ou seminário sobre os impactos e desafios colocados por tal resultado para os PPGs desta IFE. Essa lentidão e falta de uma clara política de pós-graduação, somadas às constantes negativas às demandas apresentadas, sob o pretexto de falta de recursos, motivaram a suspensão imediata de todas as atividades do Programa até que a administração superior da Ufac, por intermédio de sua reitoria se posicione sobre os itens do documento, apresentando um plano de atendimento das demandas (com datas e metas) a partir deste primeiro semestre do ano acadêmico de 2023. A expectativa do Colegiado é de que a reitoria da Ufac desperte sua atenção para sanar os problemas apontados e abra espaço em sua agenda de prioridades para o diálogo direto com a comunidade acadêmica do PPGLI, especialmente, considerando que a partir do próximo dia 15 de maio, o campus da Ufac receberá 15 mestrandos e 10 doutorandos oriundos de diferentes povos indígenas e demais mestrandos e doutorandos não indígenas para as aulas de dois dos principais componentes curriculares de formação dos cursos de Mestrado e Doutorado desse Programa de Pós-Graduação.

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS: LINGUAGEM E IDENTIDADE DA UFAC PARALISA SUAS ATIVIDADES E ESPERA RESPOSTA DA REITORIA