Informamos que o prazo para envio de propostas de comunicação para o XVIII Congresso Internacional da ABRALIC foi prorrogado até o dia 15 de janeiro de 2023. Destacamos que esse prazo não poderá mais ser prorrogado.

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Há dez eixos temáticos que agrupam diversos Simpósios Temáticos. O Prof. Dr. Gerson Albuquerque está como coordenador do Simpósio EST)ÉTICAS PAN-AMAZÔNICAS: PLURIVERSOS CRÍTICOS E ARTISTÍCO-LITERÁRIOS NOS MECANISMOS DA INVENÇÃO DE UM MUNDO COMUM, juntamente com a Profa. Dra. Maria de Fatima do Nascimento (Universidade Federal do Pará (UFPA)) e o Prof. Dr. Hugo Lenes Menezes (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI)). Ver resumo abaixo:

(EST)ÉTICAS PAN-AMAZÔNICAS: PLURIVERSOS CRÍTICOS E ARTISTÍCO-LITERÁRIOS NOS MECANISMOS DA INVENÇÃO DE UM MUNDO COMUM

RESUMO: O presente Simpósio Temático (ST) consiste num espaço plural que busca abrigar estudos, reflexões e proposições teórico-críticas sobre as múltiplas manifestações artístico-literárias das diferentes territorialidades que constituem os pluriversos geoculturais, geopolíticos e geo-históricos da Pan-Amazônia ou Amazônia Internacional, um diversificado conjunto de espaços-tempos e práticas culturais que perpassam países como Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname. Nesses pluriversos existem centenas de línguas indígenas que convivem com 9 idiomas oficiais numa área de 7 milhões de quilômetros quadrados, com 25 mil quilômetros de rios navegáveis, encravados na nomeada América do Sul. Importa ressaltar que as vivências, existências e reexistências em tais espaços-tempos remontam a um período entre 5 mil a 2 mil anos (SCHAAN; RANZI, BARBOSA, 2010) antes das invasões colonizatórias, que interditaram de forma violenta os povos e os territórios culturais, linguísticos, étnicos, religiosos, político e econômicos que ali existiam. Nas linhas propostas por Albuquerque (2020), em diálogo com categorias conceituais que transitam entre Said (1995) e Quijano (2005), a Amazônia Internacional ou a Pan-Amazônia, apreendida como um palimpsesto que resulta de camadas e mais camadas de práticas que se dizem civilizatórias, discursivas e não discursivas, foi inserida na escrita da expansão do projeto eurocêntrico, tendo por base não apenas a racialização de povos indígenas e africanos ou afrodescendentes, mas também sua concepção enquanto representantes de uma periferia atrasada, vazia e bruta. A chamada era moderna e sua agenda colonial, amparada no inseparável duo civilização/barbárie, definiu o entorno ou o espaço vital pan-amazônico, tecendo sua trajetória histórica pautada pelo sofrimento, a violência e a dor, bem como pelas assimétricas trocas ou intercâmbios culturais, pela mistura, ou por aquilo que Glissant (2005) definiu com o termo crioulização, estabelecendo os alicerces do pensamento arquipélago e da poética da relação. Frente a enfocada contextualização, torna-se relevante abrir espaço para o debate com os processos de resistência a séculos de colonização, à intervenção, às ditas políticas de modernização e desenvolvimento amazônico, notadamente, no que diz respeito à poesia de região de fronteira, a seus experimentos literários, teatrais, musicais, enfim, suas manifestações criativas, movidas por toda uma ética que leva em consideração as culturas e vidas humanas, mas, fundamentalmente, as outras formas de existências ou toda uma lógica de vida urbana marcada pela presença das florestas e dos rios, com seus seres humanos, não-humanos e sobre-humanos em (con)vivências de múltiplos sentidos. Em semelhante direção, o S.T. (Est)éticas pan-amazônicas: pluriversos críticos, artístico-literários nos mecanismos da invenção de um mundo comum mostra-se aberto à inovação crítica e artístico-literária, às metáforas que intentem transformar o olhar a partir da práxis estética e ética de intelectuais indígenas e não-indígenas, pretos, brancos e de outras gentes das muitas misturas pan-amazônicas que se disponham a promover rupturas com o pensamento de sistema e a valorizar a retomada de caminhos esquecidos, rotas alternativas, atalhos na floresta ou furos nos rios e paranãs, ou ainda nos muitos labirintos urbanos das cidades-selvas dos países que estão marcados pela presença da floresta, um imenso mundo comum inventado pela escrita colonizatória (CERTEAU, 1982), porém reescrito e reinventado mediante espaços-tempos de lutas individuais e coletivas, de tensas fricções linguísticas, de escritas e oralidades marcadas pela presença de línguas europeias – como o português, espanhol, inglês, francês ou holandês – transformadas nas paisagens de águas escuras e barrentas, nas bordas de vertentes cristalinas, no chão de barro, no pó e na lama da grande planície, nas sombras, luzes e sons da floresta, nos organismos vivos e mutáveis das cidades e, principalmente, no encontro revitalizador com as línguas trazidas pelas populações africanas, e, fundamentalmente, com as mais de 1.000 línguas oriundas das famílias linguísticas Aruaque, Caribe, Macro-Jê, Pano, Arawá, Tucano, Tupi, identificadas nos mundos amazônicos ao longo de mais de cinco séculos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALBUQUERQUE, Gerson Rodrigues de. Catuaba: itinerários históricos e colonizatórios de um seringal no Rio Acre. In. SILVEIRA, M.; GUILHERME, E.; VIEIRA, L. J. S. (Orgs.). Fazenda Experimental Catuaba: o seringal que virou laboratório vivo em uma paisagem fragmentada do Acre. Rio Branco (AC): Stricto Sensu, 2020, p. 18-44.

CERTEAU, M. de. A escrita da história. Tradução de Maria de Lourdes Menezes. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.

GLISSANT, Édouard. Introdução a uma poética da diversidade. Tradução de Enilce Albergaria Rocha. Juiz de Fora: Editora da UFJF, 2005.

QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In. LANDER, E. (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO – Colección Sur Sur, 2005.

SAID, E. W. Cultura e imperialismo. Tradução de Denise Bottman, São Paulo (SP): Companhia das Letras, 1995.

SCHAAN, Denise Pahl; RANZI, Alceu; BARBOSA, Antonia Damasceno (Orgs.). Geoglifos: paisagens da Amazônia Ocidental. Rio Branco: Gknoronha, 2010.

PALAVRAS-CHAVE: Literaturas. Oralidades. Pan-Amazônia. Estéticas. Pensamento Crítico.

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Inscrições prorrogadas – XVIII Congresso Internacional da ABRALIC